Estudantes da rede pública representarão Pernambuco nos EUA

Weslley Silva é um dos pernambucanos selecionados para o programa. Foto: Igo Bione/DP

Weslley Silva é um dos pernambucanos selecionados para o programa. Foto: Igo Bione/DP

(fonte: Diário de Pernambuco)
.
As malas de Kethyllen Pimentel e de Weslley Silva estão prontas para a viagem que eles esperaram durante meses. Amanhã, os estudantes de 17 anos embarcam para os Estados Unidos, país que sempre viram em filmes e séries, mas que achavam não ter condições de conhecer tão cedo. Kethyllen e Weslley – alunos da rede pública de Pernambuco – são os dois selecionados do estado para o Jovens Embaixadores 2017. O programa, realizado anualmente pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, leva 50 estudantes de escolas públicas do país ao Hemisfério Norte. Lá, os adolescentes passam três semanas aprendendo sobre liderança, voluntariado e trocando experiências com norte-americanos.
 
O embarque dos pernambucanos está marcado para as 5h33 desta terça-feira. O primeiro destino será a capital federal. Em Brasília, Kethyllen e Weslley passarão três dias obtendo informações de pré-embarque, participando de palestras e tirando o visto para entrar nos Estados Unidos. De lá, seguem para o primeiro destino em terras norte-americanas: Lake Tahoe, um lago de água doce a 1,8 mil metros de altitude localizado na fronteira dos estados da Califórnia e Nevada, na costa oeste dos EUA. O lago, onde os estudantes vão praticar esportes e fazer passeios turísticos, fica a mais de 10 mil quilômetros da casa de Kethyllen, que mora com a mãe, Eliane Pimentel, 35, e os irmãos Kevyllin, 15, e Keytson, 8, em Jardim Jordão, Zona Sul do Recife. Para chegar à casa dos Pimentel, é preciso deixar o carro cerca de 500 metros distante. Depois de uma caminhada em vielas estreitas de terra coberta por pedaços de madeira para evitar o contato com a água de esgoto a céu aberto, chega-se à residência.
 
O quarto da estudante, que concluiu o terceiro ano do ensino médio em 2016 na Escola de Referência em Ensino Médio Santos Dummont, é onde ela se isola dos barulhos para ler e fazer exercícios de inglês – suas atividades favoritas. “É um dom”, diz a mãe, que está desempregada. Também será a primeira vez de Weslley Silva em um avião. O estudante que terminou o ensino médio na Escola Técnica Estadual Cícero Dias sabe que o salário que os pais recebem como pedreiro e empregada doméstica não seriam suficientes para pagar um intercâmbio de três semanas para os Estados Unidos. Quando retornar ao Recife, em 5 de fevereiro, o caçula de Wellington Silva e Lúcia Santos espera trazer muitas histórias para contar à família. A volta para casa, porém, pode ser breve. “Quero fazer o ensino superior nos Estados Unidos”, revela. Weslley sabe que mesmo os sonhos que parecem difícil de se concretizar podem virar realidade.
 
Voluntariado como o diferencial
 
Fluência em inglês, perfil de liderança e bom desempenho escolar. Essas são algumas das exigências do Programas Jovens Embaixadores, que chegou à 15ª edição este ano. Para viajar com tudo pago para os Estados Unidos, é preciso ainda nunca ter ido ao país e não ter passado mais de 20 dias no exterior. No entanto, um dos principais critérios de seleção, muitas vezes ignorados por quem quer ser escolhido pelo programa, é ter participado por pelo menos um ano consecutivo de um projeto como voluntário. De acordo com a gestora de Programas e Projetos Especiais da Secretaria Estadual de Educação, Márcia Rodrigues, essa exigência deve ser observada por quem quer se candidatar a uma vaga do programa no futuro.
.
“Como o trabalho voluntário de no mínimo 12 meses é exigido, é preciso começar a se preparar desde cedo”, aconselha. A Secretaria Estadual de Educação atua no programa como parceira do Consulado Americano no Recife. Márcia observa ainda que o perfil dos estudantes que são selecionados pela diplomacia norte-americana é de adolescentes que não só tiram boas notas, mas demonstram interesse em explorar novas culturas. “E quando eles têm uma oportunidade como essa, voltam com esse perfil potencializado. É uma experiência que faz muita diferença na vida deles e que, geralmente, eles não viveriam por vias normais”, pontua.

Notícias Recentes