Mães vencem dor e medo de amamentar

(fonte: Diário de Pernambuco)

“Chega ao ponto de a criança acordar e você já levantar chorando imaginando a dor.” Amamentar não é uma tarefa fácil, garantem as mães. Por trás do prazer de estabelecer vínculo profundo com o filho e garantir a ele saúde, escondem-se histórias de abstinência. Dos próprios medos, do tempo e do corpo. Cuidar da mama desde os meses de gestação contribui para obter segurança no ato de dar leite materno ao filho e evita também problemas de saúde futuros para a própria mãe.

O foco no bebê é tão grande nos meses que antecedem o parto que muitas mulheres esquecem de cuidar do corpo. Em todo o Brasil, mais de 5 em cada 10 mulheres não fazem os exames das mamas durante a gestação, segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). O ideal seria eles serem realizados uma vez por trimeste, ou seja, pelo menos três vezes se considerado o tempo regular de uma gestação.

“Há mulheres, por exemplo, que tem mamilo plano ou retraído. Isso poderá dificultar a amamentação. Então, durante o pré-natal ela já pode ser orientada sobre exercícios para estimular a exposição desse mamilo”, afirmou o médico membro da SBM Anastasio Berrettini.

Apoio profissional foi fundamental para acabar com as noites insones e dolorosas da técnica de enfermagem Maria Michelle Viana, 34 anos. Mesmo procurando informações antes de ter o bebê, ela não ficou livre dos obstáculos. Quem vê o tamanho de Paulo Henrique chega a duvidar da idade da criança, três meses, e não dimensiona o esforço da mãe para amamentar o filho.

“No começo, ele fazia uma manobra de puxar a cabeça, então doía, sangrava muito. Você chega a pensar que não vai conseguir, então continua porque encontra apoio”, explica ela, que procurou o Banco de Leite Materno do Imip para amenizar o sofrimento. “Pensar que é pelo meu filho faz valer a pena.” Maria Michelle desenvolveu fissuras e, em seguida, um fungo na mama. Fez o tratamento e continuou a amamentar o bebê.

Esses são apenas alguns dos problemas enfrentados pelas mulheres durante o período, assim como o ingurgitamento (endurecimento das mamas pelo excesso de leite), e a mastite (inflamação). A circulação sanguínea aumenta em até 200% durante a amamentação, então é importante a procura por auxílio médico ao surgimento dos primeiros sinais de fissuras mamárias. A evolução para uma mastite, muitas vezes, demora menos de 24 horas.

Mulherem que amamentam são mais protegidas de doenças

É consenso a importância do leite materno para a saúde do bebê, mas aleitar também impacta na saúde da própria mãe. Mulheres que optam pelo aleitamento materno têm o útero retornando ao lugar mais rápido, estão mais protegidas de doenças cardiovasculares e anemia, perdem peso mais rápido e reduzem inclusive as chances de desenvolver alguns tipos de câncer, como ovário e mama. Este último, o tipo de câncer mais comum em mulheres.

Pernambuco é o primeiro do Nordeste em incidência de câncer de mama, com 51,64 novos casos para cada 100 mil habitantes. Anualmente, são cerca de 2,4 mil mulheres diagnosticadas. Amamentar reduz entre 5% e 8% a possibilidade de ter a doença. Em casos de uma segunda amamentação, as chances diminuem ainda mais. Quanto maior o tempo de aleitamento, maior o reflexo na proteção. Se ainda assim houver o desenvolvimento, ele se dá de maneira mais branda, aumentando as chances de cura.

“Durante os anos de aleitamento, ocorre uma mudança na alimentação e o abandono, geralmente, de hábitos como fumar e ingerir álcool. Há também um aumento da produção do hormônio prolactina, que causa um efeito protetor na mama”, explica o mastologista Anastasio Berrettini.

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