Menina de 9 anos leiloa desenhos para ajudar refugiados de guerra

(fonte: globo.com)

Às vezes a mudança e a conscientização começam com apenas uma pequena ação. Ao ver a enxurrada de notícias e imagens dos refugiados de guerra tentando fugir daquele cenário hostil e buscando esperança em terras estrangeiras, a pequena Sophia Maia de 9 anos, resolveu fazer algo a respeito. Com o apoio dos pais, teve a ideia de leiloar alguns desenhos. “Eu vi umas imagens na internet e na televisão e fiquei muito emocionada, com muita pena. Eu só quis ajudar”, explica a pequena artista.

“O gatilho foi uma imagem de uma menininha desembarcado na costa da Grécia com uma boia de brinquedo na cintura. Ela achou incrível e eu expliquei que aquilo era o desespero de fugir da guerra da forma que acharam possível “, relembra a mãe Luciana Maia, 46 anos. “Eu penso que poderia estar no lugar deles. Falei para minha mãe que queria ajudá-los [refugiados] então tive a ideia de vender meus desenhos”, completa Sophia.

Sophia Maia (Foto: André Nery/JC Imagem/Estadão Conteúdo)

Sophia Maia (Foto: André Nery/JC Imagem/Estadão Conteúdo)

As imagens do dia a dia da criança e algumas cenas dos refugiados que chocaram Sophia serão expostas nos dias 12 e 13 de dezembro na Galeria Suassuna, Zona Norte do Recifex. Entre as peças feitas com tinta acrílica em forma de caneta, representações do sorveteiro da rua, do grande amigo de Sophia, Seu Antônio da venda, um senhor comerciante que mora perto da família, e o retrato de um homem com o filho dentro de um barco chegando em terras turcas.

Toda renda será revertida para o Instituto de Reintegração dos Refugiados no Brasil (Adus), que fica em São Paulo. “Nós tivemos o cuidado de pesquisar um lugar sério para receber o projeto. Eles têm um trabalho voluntário com vários tipos de assistência e eventos que promovem a troca cultural entre os povos”, conta a mãe. Sophia acalenta a vontade de entregar pessoalmente toda quantia arrecada pela mostra, mas a mãe diz que ainda não há nada planejado. “Existe o desejo, mas por hora nós estamos muito focados na preparação do evento”, completa Luciana.

Esse foco todo anda tirando o sono da artista. Das cerca de 45 peças prometidas para a exposição, 30 já estão prontas. Porém, Sophia menciona que está bastante agoniada. Ela teme não conseguir entregar os desenhos a tempo. “Penso: pelo amor de Deus”, brinca a menina. Já a mãe, entrega que o processo está sendo uma verdadeira “ginástica”. “Geralmente ela está com o tempo à noite livre para desenhar, nos fins de semana também. Ela está dividindo a elaboração com os estudos. Nós [a mãe e o pai] acalmamos Sophia dizendo que a grandeza já está na atitude”, diz Luciana.

Mesmo tão nova, a criança já se inspira em grandes nomes do universo das artes das tintas. Van Gogh, Frida Kahlo e Monet estão presentes em cada pincelada de Sophia. “Eu gosto porque os traços são bem diferentes, expressivos, marcantes”, comenta com jeito de quem domina o assunto há tempos. Influenciada pela mãe, que é designer gráfica, a pequena grande artista desenha desde os 3 anos de idade. Ela cresceu em um ambiente cercado por arte e cor. Luciana relata que a filha sempre acompanhou os trabalhos da mãe e já chegou até a elaborar livros sobre artes e história da arte.

Além de camisetas e canecas, as peças variam de R$ 150 a R$ 200, um valor simbólico diante da imensidão que esses povos necessitam, mas a boa ação, o carinho, a atenção e o respeito valem muito mais que qualquer quantia. “Se cada um tivesse a atitude, mesmo que pequena, poderia ajudar muita coisa. Um projeto pequeno como esse que surgiu dentro de casa se transformou em uma onda do bem”, conta a mãe que ainda relembra as diversas mensagens de apoio e incentivo ao trabalho de Sophia.

A preocupação em tentar “consertar” o mundo de Sophia não vai parar nesse projeto. Ela adianta que continuará a promover iniciativas do bem. Para a promissora artista, a corrente do bem não olha a quem, apenas doa o que mais importa: o amor. “Estou muito emocionada em fazer todos esses desenhos e tomara que eu consiga ajudar. Se eu pudesse, ajudaria a todos que precisam no mundo”, conclui.

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