O desbotar da Canarinha e seus necessários anseios

Mais escandaloso que o gol de mão marcado pelo peruano Ruidíaz, que eliminou o Brasil na Copa América Centenária, foi o futebol burocrático apresentado pela Seleção Brasileira diante do Peru. A Canarinha jogou pelo empate, literalmente. Sem inspiração, viu a mísera vantagem se esfacelar, trazendo consigo a eliminação, o escárnio e os fantasmas que assombram o histórico recente da penta campeã do mundo.
 
Se antes tínhamos Didi, Garrincha, Pelé, Gerson, Tostão, Rivelino, Zico, Falcão, Sócrates, Careca, Bebeto, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho… Hoje, exceto Neymar, nada há. Só jogadores medianos ou até bons, mas longe do padrão destoante de outros tempos. Aliás, em outros tempos, quando o fator tático e coletivo não se sobressaia, o individual dava conta.
Brasil perde para o Peru e é eliminado da Copa América Centenária (Winslow Townson-USA TODAY)

Brasil perde para o Peru e é eliminado da Copa América Centenária (Winslow Townson-USA TODAY)

E não se trata simplesmente de vencer, baseando-se nos últimos anos áureos entre as décadas de 90 e 2000. Mas, sim, de convencer e dar orgulho, mesmo na derrota, vide 82. Atualmente falta brio, raça, personalidade, centroavante e vergonha na cara. Sobram desculpas protocolares. A crise é institucional, técnica e interpessoal. Principalmente, depois do vexame caseiro na Copa de 2014, quando a Alemanha impôs ao Brasil sua maior derrota.
 
Sim, o amor pela camisa demitiu-se em flagrante. A CBF precisa de uma faxina, expelindo pra longe o sindicato de ladrões com uma reforma rígida. É sabido que hoje em dia o futebol está cada vez mais nivelado, competitivo e global. Antigos conceitos, alguns até egocêntricos por parte de jogadores brasileiros, estão se esmorecendo. A mística tupiniquim declinou, consideravelmente, levando embora o poder de intimidação.
 
Todavia, o material humano encontrado no nosso país ainda é promissor, partindo das categorias de base aos campinhos de várzea. O lema “nascidos para jogar futebol” procede. Basta que haja mudança na estrutura e suas diretrizes, além da lapidação adequada de possíveis novos talentos, tanto nos atributos do jogo quanto na mente. É um trabalho em médio (talvez longo) prazo. É uma obrigação urgente!

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