Aliado de Moro, Kim diz que Alemanha errou ao criminalizar nazismo

O deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP) afirmou que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo e também criticou quem defende a criminalização desse tipo de discurso. As declarações do parlamentar foram feitas nesta segunda-feira durante participação no podcast Flow, do influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark, que concordava com o parlamentar e defendia inclusive a formalização de um partido nazista no Brasil. Na tarde desta terça-feira, o vídeo não estava mais disponível no canal do podcast no YouTube e o influenciador foi desligado do quadro pela empresa.
 
A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), também participante do programa, era única voz contrária à ideia de que o Estado não deveria criminalizar a conduta de quem defende discursos de ódio. No decorrer da conversa, Monark e Kim debatiam sobre a atuação de regimes radicais de direita e de esquerda. Kim foi eleito deputado federal pelo DEM em 2018 e em breve deve se filiar ao Podemos, mesmo partido do pré-candidato à Presidência Sergio Moro, cuja campanha tem entre seus principais aliados Kim e o Movimento Brasil Livre (MBL) – do qual o deputado é cofundador.
 
Diante da argumentação de Monark e do deputado, que relativizavam os efeitos de determinados discursos, Tabata questionou o colega parlamentar se ele achava que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. “Acho”, ele respondeu. Kim disse discordar das ideias nazistas, mas disse ser contra o Estado criminalizar quem as defende e afirmou que deve partir da sociedade civil a reação a essas manifestações.
 
“[Qual a melhor maneira de combater um discurso discriminatório e preconceituoso] é criminalizar ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social pesada o suficiente?”, questionou o parlamentar.
 
As manifestações de Kim eram endossadas pelo influenciador, que ostenta milhões de seguidores em suas redes sociais. “O nazismo não necessariamente incita a violência. Incita a supremacia de uma raça. O que eu acho uma m* e tem gente burra que acredita nisso”, afirmou o influenciador sobre o movimento surgido na Alemanha no século 20, que pregava entre outras ideias o antissemitismo e promoveu o Holocausto – extermínio de seis milhões de judeus e outras minorias (homossexuais, negros e ciganos, por exemplo).
 
Na Alemanha, apologia ao nazismo é crime, bem como negar a existência do Holocausto. O Código Penal alemão prevê multa e prisão. No Brasil, uma lei federal proíbe fabricar, comercializar e distribuir símbolos que façam referência ao nazismo. A pena prevista é de prisão de dois a cinco anos e multa.
 
Em resposta às falas de Kim e Monark , Tabata afirmava que o discurso incentiva práticas violentas. “Tem gente que morre por discurso de ódio. Incitar violência contra alguém é discurso de ódio. Ponto. Não é difícil”, afirmou. “Acho muito engraçado como vocês não querem criminalizar discurso de ódio, de poder exterminar uma população, mas querem criminalizar outros crimes. Vocês não estão achando que criminalizar não serve de p* nenhuma? Faz uma cultura contra roubo”, ironizou a deputada.
 
Por meio de suas redes sociais, no meio da tarde desta terça, Moro disse que o “nazismo é abominável e inaceitável em qualquer circunstância”. “É um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade. Não há mais lugar no mundo para o ódio e a intolerância”, escreveu, sem citar o nome do aliado.
 
Nesta terça-feira, o deputado gravou um vídeo para explicar seu posicionamento e negar que tenha defendido o nazismo. “Todo mundo na mesa concorda em repudiar o nazismo e em combater. A discussão era qual a melhor maneira de se combater o nazismo: é jogando luz às ideias? É fazer um debate às claras? Na minha opinião é fazendo um debate às claras”, afirmou.
 
(Fonte: Valor)
 

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