Deus, o “cabo eleitoral” dos demagogos

Não é de hoje. Não é exclusividade da política de Surubim. Segundo dados recentes do IBGE, a população do Brasil é formada por aproximadamente 64% de católicos e 23% de evangélicos. Somos um país extremamente cristão. Há a fé (válida, pessoal), a má fé, a perseguição ao “diferente”, o fanatismo religioso e a utilização da devoção em Deus como trunfo para cativar eleitores.

Anos atrás, um ex-Prefeito, endeusado até então por muitos, terminava seus comícios nas campanhas eleitorais com canções de Padre Marcelo Rossi e lágrimas (de crocodilo?). Difícil não se comover com isso, não? O atual Prefeito, Túlio Vieira, também já sofreu críticas por colocar a “cúpula da igreja” no poder, levando mais em conta os que frequentam a missa com ele do que os que de fato têm condições de exercer certos cargos públicos.

(Irmão) Carlos Roberto na Câmara de Vereadores de Surubim | Foto: iSurubim

(Irmão) Carlos Roberto na Câmara de Vereadores de Surubim | Foto: iSurubim

Meses atrás, Lúcio Fabrício deixou a Câmara Municipal para se tornar o novo Secretário de Governo. Em seu lugar entrou o vereador, Carlos Roberto (PTC – Partido Trabalhista CRISTÃO). Que, na falta de elaborar algo realmente produtivo para o município, resolveu pôr em pauta o projeto de lei intitulado “Dia do Evangélico”. Parece piada, mas é só uma nova manobra para atrair o eleitorado de igrejas afeiçoadas e, talvez, buscar verba pública para consolidar outra data dedicada a “adoração à Cristo”.

Bem, estamos na era da “disputa vaidosa pela evangelização”. Um tempo em que muitos fiéis não sabem nada sobre o Novo Testamento ou até sabem, mas vivem na hipocrisia, recorrendo ao divino somente quando lhes é conveniente. Um tempo em que Vinde Vede, Marcha Para Jesus e outras manifestações cristãs deturpam dogmas, somente para acolher jovens e outros que pensam que ser devoto é descer atrás de trios cantando euforicamente canções religiosas.

Portanto, “fazer média” com essa parte considerável da população faz parte da cartilha dos gestores que vislumbram “retribuição” lá na frente. Descontentar líderes religiosos é “pecado”, pode atrapalhar prestígio, conchavos e investimentos. Enfim, voltando ao projeto de lei sem noção proposto pelo vereador Carlos Roberto: temos assuntos bem mais importantes no âmbito governamental, espero que não ousem sancioná-lo. Amém!

Notícias Recentes