Homens invadem rádio em Santa Cruz e ameaçam comunicador que fez críticas a Bolsonaro

O radialista Júnior Albuquerque, que teve o programa invadido e foi ameaçado após tecer críticas ao presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, disse que nunca havia passado por uma situação parecida. O apresentador de um programa opinativo na Rádio Comunidade, em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, concedeu entrevista ao programa Balanço de Notícias, nesta quarta-feira (7), e falou sobre o episódio.
 
“Nunca tinha acontecido. A gente já faz rádio há cerca de 10 anos. Nesse programa eu já estou há cerca de três anos (…) Nunca tinha passado por um constrangimento desse tamanho, e nunca achava que iria passar. Até porque a gente vive numa democracia plena, a época da ditadura já passou”, disse.
 
De acordo com o apresentador, ele deixa o espaço aberto para que as pessoas possam expor opiniões contrárias à sua. “Como lá é um programa opinativo, externar a nossa opinião. Eu sempre digo: essa é a minha opinião. Quem tiver uma opinião contrária, eu respeito. Democracia é isso. Democracia é para a gente debater ideias”, afirmou. “Esse pessoal parece que o único entendimento que tem é o da violência”, completou o radialista.
 
Segundo Júnior Albuquerque ao final do programa, ele e o dono da rádio foram até a delegacia para registrar um BO e, ainda esta semana, ele irá procurar o Ministério Público da cidade. Ele contou que já conhecia dois dos agressores de vista, pois eles costumam fazer críticas durante as transmissões ao vivo do programa. “A gente nunca pensou que eles teriam tal atitude, de invadir um local de trabalho, uma emissora de rádio, um veículo de comunicação, para tentar intimidar e agredir”, disse.
 
Relembre o caso
 
 
Quatro homens invadiram uma emissora de rádio e ameaçaram um radialista que fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco. O crime aconteceu na noite dessa terça-feira (6). Os invasores se declararam apoiadores de Bolsonaro e ficaram furiosos após o profissional fazer questionamentos sobre a política sanitária do presidente na pandemia do novo coronavírus.
 
O alvo dos invasores foi o radialista Júnior Albuquerque, da Rádio Comunidade. “Há algumas semanas, entrou em pauta as quase 300 mil mortes por covid-19 no Brasil (na época ainda não havíamos superado esta triste marca) e eu fiz um comentário opinativo, onde expus que no meu ponto de vista, Hitler não era o único culpado do genocídio que aconteceu na Alemanha, pois quem o apoiou e quem se calou também teve sua parcela de culpa. Assim como no Brasil, em relação à covid-19, os eleitores de Bolsonaro que concordam com a política sanitária que ele vinha fazendo, também iam ter culpa e a história ia dizer isso”, explicou.
 
Após o comentário, Júnior passou a receber ameaças. No último dia 30, o radialista voltou ao assunto e disse, ao vivo, que gostaria de conversar com apoiadores do presidente Bolsonaro.
 
Mesmo convidados para participar de um debate civilizado e pacífico, os apoiadores que estiveram na emissora nessa terça-feira preferiram adotar uma postura ameaçadora e agressiva.
 
De acordo com o profissional, os invasores só não bateram nele porque outros radialistas da emissora estavam no local. Júnior já prestou queixa na Polícia Civil e disse que vai procurar o Ministério Público de Pernambuco para registrar a ameaça.
 
(fonte: Rádio Jornal)

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