“O Vaticano é uma organização gay”: o polêmico livro que diz revelar a corrupção e a hipocrisia na Igreja

Após celebrar missas em igrejas do Vaticano e pendurar as batinas, “milhares” de padres saem para curtir a noite gay de Roma. É o que afirma o jornalista francês Frédéric Martel no livro No Armário do Vaticano, que tem lançamento mundial marcado para esta quinta-feira (21), mesmo dia em que os principais líderes da Igreja Católica se reúnem para discutir uma estratégia contra o abuso sexual de menores.
 
“O texto é resultado de uma investigação que realizei por mais de quatro anos, em que viajei por vários países e entrevistei dezenas e dezenas de cardeais, bispos, padres, seminaristas e pessoas muito próximas ao Vaticano”, afirmou o autor à BBC News Mundo. É uma narrativa que denuncia, segundo a sinopse do livro, a “corrupção e a hipocrisia” dentro do catolicismo romano, que condenou a homossexualidade durante séculos.
 
Martel afirma que, por condições históricas e sociais, o sacerdócio foi uma fuga para centenas de jovens vítimas de bullying em seus povoados por causa da orientação sexual e que, portanto, a Igreja é agora, no seu ponto de vista, uma instituição formada “principalmente” por pessoas homossexuais.
 
“À medida que avancei na pesquisa, descobri que o Vaticano é uma organização gay no nível mais alto, uma estrutura formada em grande parte por pessoas homossexuais que durante o dia reprimem sua sexualidade e a dos outros, mas à noite, em muitos casos, pegam um táxi e vão a um bar gay”, afirma o escritor.
 
Uma de suas fontes chegou a garantir que 80% dos padres no Vaticano são homossexuais – dado que ele não conseguiu confirmar. Porém, o autor diz que um dos fatos que chamou sua atenção foi a “banalidade da vida gay” para “milhares” de sacerdotes, “que não saíram do armário para a organização” e “estão presos no próprio sistema” – mas, ao mesmo tempo, desfrutam do que criticam no altar.
 
Mas, de acordo com Martel, que é assumidamente gay, o problema dentro da Igreja não é a orientação sexual dos padres, que é um assunto privado, mas usar “dois pesos e duas medidas” para tratar a questão da sexualidade.

Autor diz que passou mais de quatro anos entrevistando membros da Igreja, seminaristas, profissionais do sexo e ‘pessoas muito próximas ao Vaticano’, para investigação que diz expor ‘corrução e hipocrisia’ dentro da Santa Sé.

“O abuso sexual não está relacionado com a homossexualidade, pode acontecer dentro de famílias heterossexuais, e a maioria das vítimas no mundo são mulheres. Agora, se você olhar dentro da Igreja, a maioria dos abusos são cometidos por padres homossexuais”, diz ele. O que acontece, segundo Martel, é que uma suposta “cultura de sigilo” existente na Igreja leva ao encobrimento dos abusos.
 
“Como muitos bispos são gays, eles têm medo de escândalos, da imprensa e, no fim das contas, deles mesmos. Eles protegem os agressores não para encobrir os abusos, mas para que não descubram que eles mesmos são homossexuais. Não estão apenas protegendo o agressor, estão se protegendo”, diz ele.
 
 
Na opinião de Martel, isso não só fez com que, durante anos, os abusos fossem encobertos, mas que muitos cardeais, bispos e padres se tornassem críticos fervorosos da homossexualidade. “O que eu descobri é que, em muitos casos, quanto mais críticos em relação à homossexualidade, mais lasciva era a vida oculta deles como gays”, diz ele.
 
(fonte: G1)

Notícias Recentes