Quase 40% dos brasileiros deram calote na dívida do cartão de crédito

Tendência é de que o quadro piore nos próximos dias. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

Tendência é de que o quadro piore nos próximos dias. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

(fonte: Diário de Pernambuco)

O calote no cartão de crédito não para de crescer. Quase quatro em cada 10 brasileiros que entraram no rotativo no cartão se declaram incapazes de honrar os débitos. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência nessa linha de crédito chega a 37,6% — um recorde. As pessoas estão com o nome sujo porque não pagam as faturas há mais de 90 dias. A tendência, dizem os especialistas, é de que esse quadro piore nos próximos meses, uma vez que a nova classe C, que se empanturrou de crédito, diante das facilidades oferecidas pelos bancos, está sofrendo com a inflação alta, que corroeu o poder de compra, e é a maior vítima do desemprego.

Os educadores financeiros são enfáticos ao analisarem o atual nível de calote no cartão de crédito e ressaltam que os resultados já eram esperados, diante da elevada taxa de juros cobrada no rotativo do cartão. Os encargos médios, informa o BC, subiram 8,8 pontos percentuais de apenas de julho para agosto, chegando a 403,5% ao ano – a mais alta da série histórica elaborada pela autoridade monetária, iniciada em março de 2011. Mas há instituições, como a Financeira Cetelem, controlada pelo Banco BNP Paribas, que cobra 837,27% ao ano.

A orientação dos especialistas é para fugir do rotativo do cartão. No atual contexto econômico, com o orçamento apertado e o risco de demissões, as famílias que insistirem nessa linha de crédito acabarão sendo empurradas para a inadimplência. “As pessoas continuam com as mesmas necessidades de consumo que tinham antes da crise, mas não têm mais a mesma renda”, explica o professor de finanças Marcos Melo, do Ibmec-DF. “A inflação alta, que encosta nos 10%, prejudicou demais a renda dos trabalhadores. E muitos buscam suprir as necessidades por meio das fontes que estão mais acessíveis, como o dinheiro de plástico”, acrescenta. “Mas isso é um erro.”

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