#somostodosmacacos Hipócritas!

Nos últimos dias, a torcedora gremista acusada de racismo, Patrícia Moreira, travestiu-se de Maria Madalena sem um Jesus para acudir. Ela foi algoz, e vítima. Claro, a gaúcha merece ser punida de acordo com a legislação brasileira, mas não massacrada pelo tsunami do falso moralismo covarde, assolado nas redes socais. O circo midiático escolheu o bode expiatório do momento de forma irresponsável, enquanto incontáveis responsáveis pela mesma detestável atitude safam-se diariamente. O irônico é que – em casos polêmicos –, não falta no nosso país “réu cínico” agindo como “promotoria honorária”; pendendo para a ira sob a mamata.

É simples, se “os bastidores” de todo mundo fossem expostos muita gente “correta” seria taxada como racista, machista, sexista, fascista, homofóbica e xenofóbica. Talvez Patrícia seja de fato preconceituosa. Ou talvez seja apenas uma estúpida que apela com termos obscenos em momentos de raiva, como manda a cartilha do humano animalesco. O que não pode ser feito é estipular uma verdade absoluta por um caso avulso, que outros (não flagrados por câmeras) também participaram.

Vale lembrar que o que fizeram com o goleiro do Santos, Aranha, foi pouco perto do que o colombiano Juan Camilo Zúñiga sofreu após tirar Neymar da Copa. A imbecilidade e a “valentia de poltrona” estão enraizadas no comportamento das pessoas. São males reais escancarados em meios virtuais. Inseridos em pensamentos e ações que vão além de atos racistas; o cidadão que coloca no bolso o troco errado dado pelo comerciante distraído é o mesmo que cobra honestidade dos políticos.

Eis a última vítima do racismo, Aranha (goleiro do Santos)

Eis a última vítima do racismo, Aranha (goleiro do Santos)

Mas é correto generalizar? Eu diria que é preciso. É uma maneira (in)justa de atrair a conscientização, a mobilização coletiva, o frisson impactante. Ué, taxamos argentinos, espanhóis e americanos da mesma forma, enaltecendo convenientemente o estereótipo pejorativo, independentemente do merecimento ou não. E não paramos para perceber que o Brasil é porta-voz de inúmeros paradigmas abomináveis.

De acordo com o IBGE, 45,9% da nossa população se autodeclara branca e apenas 6,3% se autodeclara negra. Essas concepções são reflexos do legado estrutural cínico e preconceituoso, ecoado fortemente numa conjuntura social doutrinada pelo fundamentalismo. Os cordões de isolamento, os camarotes e os preços caros de ingressos são maneiras subliminares de “podar a melanina”. O negro só tem vez quando é famoso, rico ou etnicamente importante; tal convicção encaixa-se em outros nichos e minorias.

Não, não é admissível se calar. Não, não é plausível tolerar nenhum mísero suspiro de bestialidade. Porém, avaliar-se – detectando nas entrelinhas as contradições –, antes de rebelar-se contra o que se opõe ao que é moralmente correto nos dias atuais, alenta. É a melhor saída para não se anexar ao círculo vicioso (e ardiloso) do oportunismo “desmemoriado”. Que reveste os justiceiros de plantão que não sabem enxergar o próprio umbigo, sujo.

Notícias Recentes