TIM e Oi reduzem tarifa de ligação para evitar perda de clientes

Menos de uma semana depois de a TIM anunciar a redução de preços de ligação para operadoras concorrentes, a Oi comunicou ontem a reformulação de seus planos de voz, igualando tarifas nas categorias pré e pós-pagos. A decisão tomada pelas duas operadoras tem como reflexo a redução da tarifa de interconexão (VU-M) promovida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A partir de fevereiro de 2016, essa tarifa, hoje em R$ 0,16, passará a R$ 0,10. Em 2017, cairá a R$ 0,05. O valor é cobrado nas ligações entre operadoras diferentes. A crise econômica acelerou o movimento das empresas, uma vez que os usuários buscam reduzir seus custos. As operadoras também querem inibir a troca de chips que permite ligações mais baratas

No caso da Oi, a nova tarifa das chamadas, R$ 0,30 por minuto, representa uma queda de 80% em alguns casos – o que a companhia espera compensar com a expansão de sua base de clientes. A estratégia inclui ainda pacotes com quantidades preestabelecidas de minutos e dados móveis.

As novas ofertas da Oi incluem planos pré-pagos diários, semanais e mensais. O valor médio da ligação entre usuários de operadoras diferentes era de R$ 1,50, 40 vezes mais caro que uma chamada de TIM para TIM, por exemplo. A TIM ampliou a oferta de dados nos pacotes e acabou com as tarifas de roaming (DDD) nacional para planos pós-pagos. “Terá uma disputa por quem consolida esse mercado”, diz o presidente da TIM, Rodrigo Abreu.

Mudança de estratégia

Em meio a um cenário de inflação e desemprego crescentes, a TIM espera um Natal mais duro para as operadoras este ano e um 2016 ainda difícil para o setor. O presidente da TIM, Rodrigo Abreu, afirmou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que o avanço da empresa no Brasil independe de uma fusão. Também revelou que a TIM prevê que sua receita de dados ultrapasse pela primeira vez seus ganhos com voz e receitas regulatórias em 2016.

Hoje, a TIM anunciou que fechou o terceiro trimestre com um lucro líquido de R$ 356,467 milhões, com alta de 2,3% frente o mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado pelo efeito da venda de torres de telecomunicações, operação que rendeu R$ 500 milhões no período.

Assim como o resto do setor, a TIM vem enfrentando uma transição, com o aumento do uso de dados pelos usuários em detrimento dos serviços de voz. Atualmente 65% da receita da operadora ainda vem de voz e receitas regulatórias (interconexão), mas Abreu já aposta em uma mudança dessa composição pela primeira vez no ano que vem. “Esperamos que as receitas de dados passem a responder pela maior parte das receitas da companhia”, disse.

O balanço do terceiro trimestre reflete essa nova realidade cada vez mais presente. Os clientes da TIM falaram 13% menos minutos no celular no período, enquanto os bytes de uso de dados subiram 30%. Segundo Abreu, hoje a elevação da receita de dados gerada por usuário praticamente compensa as perdas com voz, mas a queda na interconexão joga a receita de serviços para baixo. O executivo estima que o pico dessa queda esteja próximo e que, com o avanço continuo do faturamento de dados, a receita total de serviços volte a subir.

A TIM acredita que cerca de 11% das 265 milhões de linhas de telefonia móvel (voz) existentes hoje vão desaparecer nos próximos dois a três anos no País. A mudança está ligada à popularização do uso de aplicativos de mensagens e ao maior uso de smartphones. A perspectiva de que os usuários abandonem o hábito de uso de mais de um chip de celular para economizar nas ligações levou a empresa a reformular seu portfólio.

Na sexta-feira passada, a TIM anunciou o fim da cobrança de tarifas diferenciadas em ligações para as concorrentes. A novidade é a arma da operadora para o fim de ano. “Esse certamente será um Natal mais duro que o de 2014”, diz o presidente da TIM. Para Abreu, 2016 ainda será um ano difícil para o setor, mas com perspectiva de alguma melhora na inflação. A alta de preços pressiona o bolso do consumidor de baixa renda e os custos com itens como energia, pessoal e aluguéis.

Consolidação

Sobre os rumores de fusão com a Oi, Abreu reafirmou que a TIM não recebeu qualquer proposta da empresa ou do fundo russo LetterOne. “Nós na semana passada brincávamos que o famoso ditado de Garrincha (falta combinar com os russos) tem que ser invertido: será que os russos já combinaram com a gente?”, contou.

Embora não descarte uma consolidação no setor e admita que a união entre TIM e Oi é a que faria mais sentido – pela complementaridade entre plataforma móvel e fixa-, o executivo diz que o plano industrial da TIM no Brasil independe disso. A TIM planeja investir R$ 14 bilhões no País de 2015 a 2017. Ele frisa que, sem mudanças na regulação das concessões de telefonia fixa, a hipótese de consolidação se torna remota.

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