Um convite à reflexão após o falecimento de Esmeraldo, o Melado

Foto: Surubim News/Ilustração

Foto: Surubim News/Ilustração

CONJUNTURA ///
Sexta-feira uma perda já prevista, oriunda de um atropelamento, tornou-se o assunto mais comentado da Capital da Vaquejada. Pra piorar, lamentavelmente, como de praxe, o sadismo esteve à frente de certas pessoas, que sentem prazer em registrar e espalhar desgraça alheia com vídeos e fotos.
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Pois bem, o vitimado era conhecido vulgarmente como “Melado”. Um apelido, a meu ver, colocado por motivações pejorativas, já que “o agraciado” vagava pelas ruas todo maltrapilho, denotando problemas mentais. Problemas esses, agravados às vezes pela insensibilidade e ignorância de cretinos, que ofereciam bebidas alcoólicas ao mesmo, só para vê-lo surtar e falar impropérios.
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Assim como Téo, outro deficiente mental folclórico de Surubim falecido em 2014, Melado era visto como uma figura jocosa para a maioria da população. Quando não, era tratado como pária e vilão pelos que desconhecem a complexidade do cérebro humano e suas eventuais lacunas.
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Passado alguns dias da comoção fugaz com requinte até hipócrita por parte de muitos, é preciso refletir. Indo além do frisson quando algo proporcionalmente midiático acontece. Porque existem vários “Melados” espalhados por aí, travestidos de deficientes, mendigos, famílias carentes, gente desamparada…
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Tornar-se empático e se possível solidário, diante dos déficits da sociedade, é deveras pontual. O que não pode é distribuir lágrimas de crocodilo em publicações nas redes sociais, ignorando os anseios ao redor. Que tal percepção sirva como reflexão. Por Melado. Ou melhor, por Esmeraldo. E também por aquilo que existe de mais bonito na natureza humana. O altruísmo!

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