Brasil entra no período crítico da pandemia com escalada de casos

Quando o Brasil superou a marca oficial de 3 mil mortes por Covid-19, na quinta-feira 23, muitos profissionais que atuam na linha de frente do combate à pandemia não conseguiam disfarçar o desânimo. A despeito de todos os esforços da brigada da saúde, os adeptos da seita messiânica que despreza a ciência e cultua mitos pareciam numerosos e barulhentos demais para serem vencidos. Favorecido pelo clima e pela distância de 16 mil quilômetros da China, o País desperdiçou todas as chances para evitar a tragédia que se avizinha. Pior, encontra-se no escuro, sem uma estimativa confiável do número real de infectados, pois apenas os casos mais graves e aqueles que evoluem para óbito são testados.
 
Por ora, a doença não dispõe de tratamento específico nem de vacina. Diversos países estão na corrida para encontrar uma forma eficaz de imunizar a população, mas levará meses para isso se tornar realidade. Uma grande esperança é a vacina desenvolvida por uma empresa italiana, a Advent-IRBM, em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford, que começará a ser testada em 550 voluntários de Londres, no fim de abril. Ainda assim, se os estudos clínicos apresentarem resultados satisfatórios, ela só estará disponível na Europa a partir de setembro. Até lá, os brasileiros terão de aguentar o tranco com a precária estrutura mobilizada pelo governo no combate à pandemia. Não foi por falta de tempo.
 
O primeiro alerta das autoridades chinesas à Organização Mundial da Saúde ocorreu pouco antes da virada do ano. No início de fevereiro, a covid-19 entrou com força na Europa. Em março, quando a OMS reconheceu a existência de uma pandemia, apenas 52 brasileiros haviam sido diagnosticados com a doença e nenhum havia morrido. Desde o primeiro caso registrado no País, em 26 de fevereiro, passaram-se quase dois meses. Somente agora, no entanto, o governo promete fazer testes em massa na população, embora faltem exames no mercado internacional e o novo ministro, Nelson Teich, não tenha a mínima ideia de como gerenciar a crise, a pasta e a língua portuguesa.
 
O período mais crítico da epidemia inicia-se na próxima semana, quando está prevista uma escalada do número de infectados e de mortos. Chegou a hora de o Brasil encarar a ameaça que colocou em xeque os sistemas de saúde da China, da Europa e da EUA. Os brasileiros têm mais informações sobre o comporta- mento do coronavírus, mas não fize- ram a lição de casa. A seguir, especialis- tas consultados por CartaCapital expli- cam o que se sabe a respeito do Covid-19 e alertam sobre os gargalos que amea- çam a vida dos brasileiros.
 
(fonte: Carta Capital)

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