Cultura Digital: viver sem conviver

Na década passada, a proliferação da internet globalizou a informação, tornando-a instantânea e acessível para as classes mais baixas. De imediato, um novo mundo interativo foi estabelecido e, a partir dele, a comunicação ganhou ares dinâmicos; em outrora salas de bate-papo e Orkut, agora Twitter e Facebook. Além dos portais de notícias e sites de vídeos e buscas, as redes sociais fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas e, graças a elas, houve um estreitamento de faixas etárias no convívio cibernético. Gostos em comum, debates, mobilizações e diminuição de inibição são trunfos conquistados com a era digital. No entanto, mesmo diante de várias fontes, o que a maioria bebe é o comodismo, o achismo e o modismo.

Ainda assim, existe quem escancare a linha tênue entre anônimos e celebridades, desconhecidos e figuras públicas. A internet virou vitrine do talento e da oportunidade, mas também da presunção e do oportunismo. Nela, somos revolucionários, fotógrafos, modelos, economistas, cientistas políticos, comentaristas de assuntos variados (eis a petulância); navegadores engenhosos e geniosos ou simplesmente, “androides”. E com a difusão tecnológica, os smartphones conquistaram parte considerável da atenção dos reféns da tecnologia de ponta.

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Atualmente, a obrigação diária de boa parte dos internautas é usufruir constantemente do WhatsApp – software para celular similar ao extinto MSN Messenger da Microsoft. Com ele, as pessoas se pegam e se apegam a um mundo de mensagens imediatas, vídeos, imagens, áudios gravados e tudo que remete a resenha, fofoca e propagação indevida de intimidade alheia – porém, salientando, existem os que fazem uso para questões de cunho profissional e emocional de forma “politicamente correta”.

O fato é que, apesar da praticidade dessa ferramenta, muitos perderam sua própria identidade e ficaram pasteurizados, trazendo consigo a interdependência, a inconsequência e o enamorar com o supérfluo. O vício é tão intenso e desproporcional em alguns, que acaba atrapalhando as relações no mundo real e atraindo transtornos no trabalho, nos diálogos cara a cara e na concentração. Mais do que um aplicativo providencial, o WhatsApp virou uma espécie de “droga virtual” contraditória (afinal, atrai e afasta, dependendo do contexto). Uma tendência contemporânea que enfraquece os laços e fortalece os nós cegos.

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