Estado Islâmico reivindica atentados a mesquitas xiitas que mataram ao menos 126 no Iêmen

(fonte: O Globo)

SANAA – Cada vez mais mergulhado no caos, o Iêmen vive nesta sexta-feira um dia de choque e pavor com atentados na capital, que deixaram centenas de vítimas, enquanto o complexo presidencial em Aden, no Sul, se via novamente sob ataque. A ação de quatro homens-bomba dentro e fora de duas mesquitas em Sanaa mataram mais de 126 pessoas e deixaram mais de 200 feridas, entre elas políticos Houthis, minoria que tomou o controle da capital em janeiro. O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque através do Twitter.

Rebeldes houthis acompanham resgate de corpos em mesquita - Khaled Abdullah / REUTERS

Rebeldes houthis acompanham resgate de corpos em mesquita – Khaled Abdullah / REUTERS

Os ataques ocorreram durante as orações do meio-dia nas mesquitas xiitas de al-Badr e al-Hashahush, seguidas de um terceiro ataque frustrado. Fala-se ainda em mais de 50 corpos sendo retirados dos templos, de acordo com a rede al-Jazeera. Uma das testemunhas contou ter ouvido duas explosões na Mesquita de al-Badr: Estava indo rezar quando ouvi a primeira explosão. Um segundo depois, ouvi a outra — contou, sem se identificar. Um outro homem-bomba detonou seus explosivos num complexo do governo na província de Sadaa, área no Norte de forte presença Houthi, mas aparentemente a bomba explodiu. Duas pessoas morreram e uma terceira ficou ferida.

Segundo o editor-chefe do jornal “Yemen Post”, Hakim Almasmari, as duas mesquitas são locais xiitas muito populares na capital. Os templos na região central de Sanaa são do ramo Zaidi e recebem principalmente simpatizantes do grupo xiita Houthi. A mesquita de al-Hashahush, em especial, é frequentada por líderes do grupo. O imã Ahmed al-Mutauakil, membro da executiva do movimento, ficou ferido e foi levado ao hospital. Na Mesquita de al-Badr, o imã al-Murtatha bin Zayd al-Mahatwari, um proeminente líder religioso, também morreu.

Há meses os houthis e o governo sunita vêm se confrontando, acirrando tensões que afloraram com a deposição do ex-presidente Ali Abdullah Saleh em 2012, na Primavera Árabe. Minoria no país, os houthis se queixavam de ser marginalizados pela maioria sunita. Eles entraram em Sanaa em setembro passado, cobrando maior participação no poder. Em janeiro, tomaram o palácio presidencial, obrigando o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi a fugir.

Em Aden, a artilharia anti-aérea abriu fogo contra aviões não identificados que sobrevoavam o complexo presidencial. É o segundo dia consecutivo que o complexo é atacado. Na quinta-feira, a base foi atacada, e conflitos entre insurgentes e partidários de Hadi no aeroporto da cidade mataram pelo menos 13 pessoas.

O país é ainda sede dos extremistas sunitas da célula da al-Qaeda na Península Arábica. Recentemente, eles assumiram a autoria do atentado ao “Charlie Hebdo”, em Paris. Além da oposição dos partidários de Hadi, os houthis enfrentam a oposição da al-Qaeda na Península Arábica. Agora, a declaração do EI adiciona mais um elemento de tensão na crise iemenita. Em novembro passado, o grupo extremista anunciou um braço no país, mas este seria seu primeiro ataque no Iêmen.

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