Centenário do Santa Cruz

(texto: Vicente Freitas)

Bem-aventurados os humildes, pois eles herdarão a terra

– Mateus 5, 5

Não à toa foi este teu batismo: SANTA CRUZ!

És o sacro fado a ser sustentado por um cristo coletivo.

Cristo, não pela santidade, não pela altivez, apenas.
Mas pelo aviltamento, a penúria, o escárnio…
Afinal, ao teu nome está selada a via da transcendência cristã.

Coletivo, não pela massificação, nem pela grandeza, tão somente.
Mas pela corporalidade pulsante que te soergue,
pela fidelidade impávida que suporta a Grande Cruz.

Seria coerente que esse neocristo, formado pela legião de “ninguéns”, dos excluídos, dos sem voz, dos marginais, não santa-cruzasse o caminho do calvário e, lá, perecesse sua pena?

Não! Há de se sofrer as plebeias chagas infligidas durante a jornada. Não há outra maneira de se fidelizar à Santa Expiação. Prevalecer à tentação dos caminhos fáceis, das manobras imorais.
Só o sofrimento purifica, só as lágrimas lavam as almas, fazem a senda à redenção…

Foi, então, quando o peso da sina mais e mais se lhe afundava nos ombros, que esse cristo colossal, da epiderme de concreto criou forças para abraçar o objeto de seu martírio, fundindo-se num só ente. O Cristo-Cruz. Um Jesus recifense. Jesus mestiço. Jesus plebeu…

Para, enfim, perante aqueles que, à sombra da Grande e Santa Cruz permanecem, a
duvidar e escarnecer, declarando Teu óbito, não após três dias, como o Salvador, mas após três (longos) anos, contrariá-los com Tua Ressurreição!

“O Santa Cruz nasceu e viverá eternamente!”

– Atribuída a Alexandre de Carvalho, um dos 11 fundadores do “Mais Querido”

Notícias Recentes